Que inveja a vida de seu gato
Enquanto escreve cartas ridículas
E deseja ser pó da estrada
Relembrando a meninice
Em que brincava com a rapaziada
E era indiferente ao mundo.   
Dono da solidão
Que caminhando,
 Pela poeira do chão 
Olha para o cinzento do mar
E chora pelos navegadores portugueses  
Que se perderam no limiar do horizonte 
E que não conseguiram voltar. 
Chora lágrimas salgadas
Enquanto joga 
Um contínuo jogo de xadrez 
Na calçada do Chiado 
Bebendo o café que,
 Lhe traz a esperança
De voltar a ser criança. 
Entre outros,
Foi Reis, Campos e Caeiro.
Mas nunca foi só Pessoa.
Nunca foi inteiro.
Quis ser grande e foi.
Quis ser mais do que Pessoa 
E ainda o é.
Para ser grande,
Quis ser um todo dividido.
Um todo unido,
Pela poesia,
Pela escrita,
Por um soneto que esquecia.
Triste destino o do cego,
Que canta pela estrada
Enquanto o seu coração, 
Lentamente se quebra,
Na fresca noite de silêncio,
Na fresca noite calada.
Francisco Barata
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