sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Homenagem a Fernando Pessoa

Triste ser aquele,
Que inveja a vida de seu gato
Enquanto escreve cartas ridículas
E deseja ser pó da estrada
Relembrando a meninice
Em que brincava com a rapaziada
E era indiferente ao mundo.  

Dono da solidão
Que caminhando,
 Pela poeira do chão
Olha para o cinzento do mar
E chora pelos navegadores portugueses 
Que se perderam no limiar do horizonte
E que não conseguiram voltar.

Chora lágrimas salgadas
Enquanto joga
Um contínuo jogo de xadrez
Na calçada do Chiado
Bebendo o café que,
 Lhe traz a esperança
De voltar a ser criança.

Entre outros,
Foi Reis, Campos e Caeiro.
Mas nunca foi só Pessoa.
Nunca foi inteiro.
Quis ser grande e foi.
Quis ser mais do que Pessoa
E ainda o é.
Para ser grande,
Quis ser um todo dividido.
Um todo unido,
Pela poesia,
Pela escrita,
Por um soneto que esquecia.

Triste destino o do cego,
Que canta pela estrada
Enquanto o seu coração,
Lentamente se quebra,
Na fresca noite de silêncio,
Na fresca noite calada.
Francisco Barata

Sem comentários:

Enviar um comentário